Inicia-se um novo ano e com ele as expectativas quanto a vida escolar. As dificuldades enfrentadas pelos especialistas em Educação causam preocupação quanto ao futuro. Basta atentar para a luta dos professores por melhores condições, para o enfoque das atuais políticas públicas e para a qualidade do ensino e veremos a fundamentação de tais preocupações. Aliado a estes fatores estão os Transtornos Escolares, que vem crescendo, segundo publicações da área de saúde na mídia.
Não quero deter-me no TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hipertatividade), o mais evidente nas estatísticas. Há outros transtornos que vem em parceria com o TDAH. Entre eles os Transtornos de Desenvolvimento de Habilidades Escolares que abrangem aqueles ligados à leitura, soletração e habilidade aritmética. Você possivelmente já ouviu falar em Dislexia, Disgrafia ou Discalculia. E os Transtornos de Linguagem, ligados a articulação da fala e a expressão e recepção da linguagem (dislalia, surdez, mudez).
Há um Transtorno Escolar pouco falado, talvez porque seja pouco conhecido em termos de diagnóstico: o Transtorno Desafiador Opositivo - TDO. ( DSM-IV 313.81 - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4º Ed )
Há um Transtorno Escolar pouco falado, talvez porque seja pouco conhecido em termos de diagnóstico: o Transtorno Desafiador Opositivo - TDO. ( DSM-IV 313.81 - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4º Ed )
"A característica essencial do Transtorno Desafiador Opositivo é um padrão recorrente de comportamento negativista, desafiador, desobediente e hostil para com figuras de autoridade, que persiste por pelo menos 6 meses (Critério A) e se caracteriza pela ocorrência freqüente de pelo menos quatro dos seguintes comportamentos:
- perder a paciência (Critério A1),
- discutir com adultos (Critério A2),
- desafiar ativamente ou recusar-se a obedecer a solicitações ou regras dos adultos (Critério A3),
- deliberadamente fazer coisas que aborrecem outras pessoas (Critério A4),
- responsabilizar outras pessoas por seus próprios erros ou mau comportamento (Critério A5),
- ser suscetível ou facilmente aborrecido pelos outros (Critério A6),
- mostrar-se enraivecido e ressentido (Critério A7),
- ou ser rancoroso ou vingativo (Critério A8)."
Um outro trecho do DSM acrescenta outras características que ocorrem durante os anos escolares:
- baixa auto-estima,
- instabilidade do humor,
- baixa tolerância à frustração,
- blasfêmias e
- uso precoce de álcool, tabaco ou drogas ilícitas.
- conflitos com os pais, professores e companheiros.
- comportamento inquieto, sempre defensivo/agressivo, portanto ativo;
- impaciência confundida com desatenção;
- comportamento desafiador confundido com hiperatividade;
- descrença nas regras, leis e seus agentes (fenômeno social);
- transtornos quanto ao entendimento de figura de autoridade (fenômeno psíquico).
Ainda segundo o DSM, o TDO "é mais prevalente em famílias nas quais os cuidados da criança são perturbados por uma sucessão de diferentes responsáveis ou em famílias nas quais práticas rígidas, inconsistentes ou negligentes de criação dos filhos são comuns".
Quero chamar à atenção para um fato: é na família que os sintomas iniciam. Os reveses familiares, dentre outros fatores, influenciam a estruturação psíquica desde a mais tenra idade.
A
psicanálise tem reconhecidamente contribuído para a compreensão da estruturação
psíquica e o desenvolvimento infantil. Para ela, a Função Paterna tem papel estruturador na vida e no pensamento das crianças
pequenas “na medida em que toma a forma de regras e normas que introduzem a
negativa para a mãe e filho” (Jerusalinsky, 2010). A figura paterna representa a internalização da lei, das regras, e do reconhecimento da figura de autoridade. Não necessariamente deve ser exercida pelo homem atualmente, uma vez que as configurações familiares vem mudando nas últimas décadas. Mas a ausência desta função na estruturação psiquica de uma criança pode trazer danos e também predispô-la ao desenvolvimento do TDO. É a família que a criança internaliza o mundo em que vive. Seu primeiro contato com as regras sociais é através dos pais.
Fique atento as diferenças entre os transtornos. TDAH é passível de tratamento medicamentoso e, corretamente identificado e controlado, com acompanhamento psicológico, permite o desenvolvimento natural. Para o TDO ainda não há tratamento medicamentoso, apenas quando associado a sintomas de outros transtornos, como os de ansiedade por exemplo. A psicoterapia individual e psicoterapia familiar são os principais recursos utilizados.
(Visite meu trabalho completo sobre Função Paterna e as alterações na Sociedade atual e saiba mais.)
Fique atento as diferenças entre os transtornos. TDAH é passível de tratamento medicamentoso e, corretamente identificado e controlado, com acompanhamento psicológico, permite o desenvolvimento natural. Para o TDO ainda não há tratamento medicamentoso, apenas quando associado a sintomas de outros transtornos, como os de ansiedade por exemplo. A psicoterapia individual e psicoterapia familiar são os principais recursos utilizados.
(Visite meu trabalho completo sobre Função Paterna e as alterações na Sociedade atual e saiba mais.)
Fontes:
JERUSALINSKY,
A.N. Riscos calculados: Indicadores
Clínicos de Risco de Desenvolvimento infantil.
Revista Mente & Cerebro –
Especial: Doenças do Cérebro nº 2, São Paulo. Ed. Duetto, 2010
OLIVEIRA, L.V.M. de As Mudanças na Sociedade e
o exercício da Função Paterna: algumas reflexões. Monografia apresentada a UNESA em conclusão da graduação em Psicologia. 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário será considerado em poucos dias. Aguarde.