terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Divórcio e conflitos familiares

    
         São diversos os motivos que levam um casal a separação. Não quero focá-los agora, nesta postagem, mas há algo que vem aumentando muito as estatísticas nos consultórios de psicologia: a alienação parental.
     Trata-se da violência psicológica praticada contra o(s) filho(s) por um dos cônjuges. São "situações onde a ruptura da vida conjugal gera, em um dos genitores, uma tendência vingativa muito grande. Quando este não consegue elaborar adequadamente o luto da separação, desencadeia um processo de destruição, vingança, desmoralização e descrédito do ex-cônjuge. Neste processo vingativo, o filho é utilizado como instrumento da agressividade direcionada ao parceiro".            Algumas das consequências da SAP (síndrome de alienação parental) são:
- alterações na vida escolar (agressividade, distração, baixo rendimento escolar);
- alterações de sono (ansiedade, depressão, terror noturno, pânico);
- sentimentos de baixa autoestima (culpa, inadequação, discurso suicida);
- a longo prazo: dificuldades nos relacionamentos, tendencia ao uso de álcool e/ou drogas.
          Conflitos conjugais dizem respeito ao casal, e tão somente a este. Os filhos continuarão a ter o pai e a mãe, independente de estarem juntos ou não. Quando um dos genitores fere a imagem do outro para um filho, na realidade está violentando a imagem materna/paterna para este filho. Causando-lhe transtornos psicológicos com reflexos futuros em seu desenvolvimento e saúde.
 Para informações mais detalhadas recomendo visita ao site:  http://www.alienacaoparental.com.br/

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Transtornos escolares (TDAH e TDO)

      Inicia-se um novo ano e com ele as expectativas quanto a vida escolar. As dificuldades enfrentadas pelos especialistas em Educação causam  preocupação quanto ao futuro. Basta atentar para a luta dos professores por melhores condições, para o enfoque das atuais políticas públicas e para a qualidade do ensino e veremos a fundamentação de tais preocupações.  Aliado a estes fatores estão os Transtornos Escolares, que vem crescendo, segundo publicações da área de saúde na mídia.
 Não quero deter-me no TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hipertatividade), o mais evidente nas estatísticas. Há outros transtornos que vem em parceria com o TDAH. Entre eles os Transtornos de Desenvolvimento de Habilidades Escolares que abrangem aqueles ligados à leitura, soletração e habilidade aritmética. Você possivelmente já ouviu falar em Dislexia, Disgrafia ou Discalculia. E os Transtornos de Linguagem,  ligados a articulação da fala e a expressão e recepção da linguagem (dislalia, surdez, mudez).

      Há um Transtorno Escolar pouco falado, talvez porque seja pouco conhecido em termos de diagnóstico: o Transtorno Desafiador Opositivo - TDO. ( DSM-IV 313.81 - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4º Ed )
"A característica essencial do Transtorno Desafiador Opositivo é um padrão recorrente de comportamento negativista, desafiador, desobediente e hostil para com figuras de autoridade, que persiste por pelo menos 6 meses (Critério A) e se caracteriza pela ocorrência freqüente de pelo menos quatro dos seguintes comportamentos: 
  • perder a paciência (Critério A1),
  • discutir com adultos (Critério A2),
  • desafiar ativamente ou recusar-se a obedecer a solicitações ou regras dos adultos (Critério A3),
  • deliberadamente fazer coisas que aborrecem outras pessoas (Critério A4),
  • responsabilizar outras pessoas por seus próprios erros ou mau comportamento (Critério A5),
  • ser suscetível ou facilmente aborrecido pelos outros (Critério A6),
  • mostrar-se enraivecido e ressentido (Critério A7),
  • ou ser rancoroso ou vingativo (Critério A8)."
Um outro trecho do DSM acrescenta outras características que ocorrem durante os anos escolares:
  • baixa auto-estima,
  • instabilidade do humor,
  • baixa tolerância à frustração,
  • blasfêmias e
  • uso precoce de álcool, tabaco ou drogas ilícitas. 
  • conflitos com os pais, professores e companheiros. 
Trata-se de um transtorno que, a meu ver e experiencia, vem confundido-se com sintomas de TDAH, passando desapercebido por pais e  professores. Há vários fatores que contribuem para que isso aconteça. Elenquei alguns:
  • comportamento inquieto, sempre defensivo/agressivo, portanto ativo;
  • impaciência confundida com desatenção;
  • comportamento desafiador confundido com hiperatividade;
  • descrença nas regras, leis e seus agentes (fenômeno social);
  • transtornos quanto ao entendimento de figura de autoridade (fenômeno psíquico).

      Ainda segundo o DSM, o TDO "é mais prevalente em famílias nas quais os cuidados da criança são perturbados por uma sucessão de diferentes responsáveis ou em famílias nas quais práticas rígidas, inconsistentes ou negligentes de criação dos filhos são comuns". 
      Quero chamar à atenção para um fato: é na família que os sintomas iniciam. Os reveses familiares, dentre outros fatores,  influenciam a estruturação psíquica desde a mais tenra idade.


   A psicanálise tem reconhecidamente contribuído para a compreensão da estruturação psíquica e o desenvolvimento infantil. Para ela, a Função Paterna tem papel estruturador na vida e no pensamento das crianças pequenas “na medida em que toma a forma de regras e normas que introduzem a negativa para a mãe e filho” (Jerusalinsky, 2010).  A figura paterna representa a internalização da lei, das regras, e do reconhecimento da figura de autoridade. Não necessariamente deve ser exercida pelo homem atualmente, uma vez que as configurações familiares vem mudando nas últimas décadas. Mas a ausência desta função na estruturação psiquica de uma criança pode trazer danos e também predispô-la ao desenvolvimento do TDO. É a família que a criança internaliza o mundo em que vive. Seu primeiro contato com as regras sociais é através dos pais. 

    Fique atento as diferenças entre os transtornos. TDAH é passível de tratamento medicamentoso e, corretamente identificado e controlado, com acompanhamento psicológico, permite o desenvolvimento natural. Para o TDO ainda não há tratamento medicamentoso, apenas quando associado a sintomas de outros transtornos, como os de ansiedade por exemplo. A psicoterapia individual e psicoterapia familiar são os principais recursos utilizados.


(Visite meu trabalho completo sobre Função Paterna e as alterações na Sociedade atual e saiba mais.)

     
Fontes:
JERUSALINSKY, A.N. Riscos calculados: Indicadores Clínicos de Risco de Desenvolvimento infantil.  Revista  Mente & Cerebro – Especial: Doenças do Cérebro nº 2, São Paulo. Ed. Duetto, 2010
OLIVEIRA, L.V.M. de As Mudanças na Sociedade e o exercício da Função Paterna: algumas reflexões. Monografia apresentada a UNESA em conclusão da graduação em Psicologia. 2010.

Novo ano, novo ciclo

     Achei interessante esta tirinha colhida do Facebook. O que você diria? A menina estaria expressando sua expectativa quanto àquilo que virá com o novo ano  ou  a sua preocupação e insegurança sobre como lidar com o que virá?  Eu penso que as duas situações são verdadeiras. Mas o gatinho responde sabiamente que com o novo ano virão 365 dias com oportunidades.  Só depende de nós.
     Nossa contagem de tempo nos leva a assemelhar um ano a um ciclo de produção com suas metas. Talvez fruto de uma sociedade capitalista, enfim. Mas o fato é que ao findar o ano fazemos nossas retrospectivas pessoais, nossos balanços financeiros, contagem de estoque (material e emocional). Conscientes ou inconscientes. O que consegui neste ano?  Alcancei minhas metas? Cumpri o que me prometi?  Quando as respostas são positivas elas nos impulsionam a novas metas e novos objetivos. E assim somos motivados a crer que em 365 novas oportunidades vamos conseguir o que almejamos. 
     Mas e quando os resultados são negativos? Quando não alcançamos todas as nossas metas? Ou algumas delas? Obviamente repensaremos nossos erros, o que nos faltou, o que nos impediu e remodelaremos nossas metas. Parece fácil não é?  Mas não para todos.
     Chegar ao final do tempo proposto sem ter nas mãos aquilo que desejamos é motivo de tristeza, primeiramente. Este é o primeiro sentimento que aflora. A seguir, frustração, sensação de incompetência, de fraqueza. Nem todos lidam bem com estes sentimentos. Instala-se uma sensação de perda. Do tempo que passou,  das oportunidades perdidas, de um sonho que não se realizou e agora parece distante. Duvidamos de nós mesmos.  Luto, apatia, descrença... Síndrome de fim de ano.
    Não permita que seja assim. Reconstrua suas metas aproveitando o que conseguiu no ano anterior. Permita-se torná-las mais fáceis. Você merece! Reveja suas atitudes e o resultados delas. Aprenda com os erros cometidos, eles são grandes professores. Perdoe-se! Você é humano. Sonhe novamente! Há 365 dias com oportunidades diversas aguardando por você!
    E se para isso necessitar de ajuda, por que não?