quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Danos psicológicos causados pelo assédio moral

      Em tempos de competitividade no mercado de trabalho muito se exige do trabalhador no cumprimento de metas de produção. Tempo é dinheiro, já dizia um velho adágio popular. Informação é dinheiro, hoje em dia. As horas voam, deixando o trabalhador ao final do expediente com a sensação de que ainda não fez tudo que tinha pra fazer. Muitos saem planejando o dia seguinte ou mesmo levam trabalho pra casa, graças aos prodígios das telecomunicações como celulares, rádios, ipads, etc.
      Estresse. Esse caminha juntinho, deixando suas marcas em nossos corpos: gastrites, insônias, hipertensão, e outros sintomas.  Quando parceiro da ansiedade... 
      Agora imagine tudo isso sob as expressões de poder do empregador, seja ele chefe direto ou o patrão mesmo. Cobranças, broncas em público, tom de voz ameaçador, críticas injuriosas, depreciação profissional,...  uma, duas, muitas vezes. Eis os ingredientes do Assédio Moral.
      O objetivo mais comum do assediador é tirar o máximo proveito da capacidade laborativa do trabalhador. Pressionar para trabalhar mais; produzir mais. É o trabalho sobre pressão. Mas há outros motivos também. O mais doloroso é a discriminação, quando nada que faz é satisfatório por ser de raça diferente, por ser de sexo diferente, por ter escolaridade inferior, entre outros. Tudo será sempre ruim, incompleto, imperfeito, insuficiente. A sensação de menos-valia é torturante. Há aqueles que assediam por interesses pessoais, por ''eliminação de ameaças'', por manipulação (prazer pessoal). Estes e outros semelhantes são percebidos como perseguição. 
       O terror psicológico leva o trabalhador ao adoecimento físico e psicológico. O corpo adoece de modo semelhante ao estresse e à estafa. Surgem sintomas como insonia, azia, má-digestão, palpitações, hipertensão, alergias.A mente adoece por enfraquecimento das defesas do ego. Desânimo, choro com facilidade, irritabilidade, tristeza, angustia são sintomas  psicológicos comuns que conduzem a possibilidade de transtornos depressivos, fobias, sindrome de Burnout, entre outros.
       O assédio moral toca na dignidade humana, ferindo-a. Dignidade da pessoa humana, segundo o Direito, significa 'a excelência que esta possui em razão da sua própria natureza'. Assim, quando um semelhante agride seu próximo diminuindo-o, está negando-lhe a plenitude de sua essência. Torna-o menos humano.
       Em casos extremos, o assédio moral leva o trabalhador a ausentar-se do trabalho por problemas de saúde; quando não se rende a demissão antes. A necessidade do emprego por vezes o leva a sujeitar-se as condições assediantes até o adoecimento, necessitando recorrer ao auxílio-doença pelo INSS.
       Interessante que o processo de assédio moral nos faz lembrar o movimento fordista (Henry Ford) do início do século XIX: quando uma peça na linha de produção se quebra, manda-se ao conserto. Quando não tem mais jeito, substitui-se. Metaforicamente, hoje, as peças são seres humanos.
     (próxima postagem: O que fazer em casos de assédio moral?)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário será considerado em poucos dias. Aguarde.